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Não confie em líderes que se servem primeiro…

Não confie em líderes que se servem primeiro… Vivemos um momento mais do que oportuno para questionar as velhas práticas da liderança, para entender se discurso e prática realmente andam juntos.

É muito fácil usar palavras de inspiração nos momentos em que tudo está bem, no entanto, quando a crise real bate à porta, é quando vemos a essência e o verdadeiro caráter da liderança.

Como líder, já vivi muitas situações duras, situações que me fizeram enfrentar dilemas para os quais eu não estava preparado, que me fizeram tomar decisões que eu não gostaria de ter tomado, é da vida. Muitas vezes acertei, outras vezes errei, no entanto, sempre me preocupei em entender se minhas decisões eram coerentes com meus valores.

A realidade atual coloca os líderes de todas as organizações diante de um enorme dilema:

Segurar a onda” e não demitir, visando o bem e a integridade de cada colaborador, ou eliminar prontamente folha de pagamento dando sobrevida à empresa.

Essa é uma baita decisão difícil, para a qual não podemos emitir julgamentos de certo e errado.

Outro dia li – aqui no Linkedin – o depoimento do Max Oliveira, CEO da Max Milhas. Ele precisou tomar a dura medida de fazer desligamentos, dado que o setor de turismo evidentemente foi um dos mais impactados pela crise que vivemos. Ele disse em seu artigo que essa havia sido a decisão mais difícil de sua vida, mencionando também o orgulho que sentia de todos que saiam naquele momento. Além disso, ele se prontificou a disponibilizar a lista destes profissionais para outras empresas na intenção de recolocá-los.

Nesse momento pensei, está aí um belo exemplo de COERÊNCIA. Alguém que precisou tomar a difícil decisão de demitir, mas encontrou formas de ao menos tentar amenizar os impactos na vida dos profissionais que saiam da empresa.

No meio disso tudo, existem aquelas empresas que minimamente tem alguma opção de escolha pela manutenção de seus quadros, mesmo que isso signifique assumir prejuízos temporários. Exemplos não faltam, até agora já são cerca de 3304 empresas que se comprometeram a não demitir ninguém até o final de maio. São as empresas signatárias no manifesto #nãodemita. Uma brilhante iniciativa para que líderes consigam deixar seus legados, de fato.

Como diz o próprio manifesto:

“A primeira responsabilidade social de uma companhia é retribuir à sociedade o que ela proporciona a você – começando pelas pessoas que dedicam suas vidas, todo dia, ao sucesso do seu negócio.”

Até aí tudo bem. Há os que conseguem e os que não conseguem aderir ao movimento. Cada líder sabe onde o “calo aperta”.

Realmente, respeito muito os líderes que estão encontrando maneiras de minimizar os impactos na vida de seus colaboradores, seja antecipando férias, reduzindo jornadas e salários proporcionalmente, com posturas otimistas sabendo que o turbilhão que vivemos vai passar e as pessoas que forem mantidas serão fundamentais no processo de retomada que teremos pela frente.

Meu ponto com esse artigo é tratar daqueles líderes que adotam a decisão de demitir em preservação de seus próprios ganhos, quando tinham a opção de agir de maneira diferente.

Outro dia, conversando com um líder (que até então eu admirava), ele me falou que estava na hora de implementar o “pacote de maldades”. Pacote de maldades? Confesso que na hora fiquei um pouco incólume e segui no papo, mas depois, parando para pensar, me dei conta do absurdo que isso significava.

Lembrando da situação em detalhes, me recordo de ter percebido que esse líder dizia isso com certo ar de deboche, de satisfação, daí pensei:

Está aí a essência deste cidadão.

Enquanto muitos líderes estão sofrendo de fato com a situação, outros tratam de colocar a “farinha primeiramente em seu pirão”.

Me diz, você confiaria em um líder que diante de uma situação de crise pensasse imediatamente em garantir o seu primeiro?

Eu não…

Uma liderança forte se faz por meio da confiança e uma equipe jamais irá confiar em líderes que apenas pensam em si. Sempre que isso acontecer a disfunção e a desconfiança irão proliferar.

Como diz Simon Sinek, em seu livro Líderes se servem por último:

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O papel mais importante de um líder é garantir que todos os membros de um grupo “se mantenham unidos”. Os seus sacrifícios pessoais impulsionam este esforço.

Fale a verdade, quantas empresas que você conhece, que mesmo nos dias de hoje, colocam o retorno ao acionista acima do cuidado com as suas pessoas???

Quem já leu o livro, vai se lembrar que Sinek, quando trata dos exemplos de liderança das Forças Armadas Americanas, menciona o fato que os oficiais mais reconhecidos e referendados, se serviam por último…

Só espero que o momento atual nos ajude, cada vez mais, a perceber quem é quem na liderança. Afinal, estamos em um momento em que os líderes se servirem por último, é uma necessidade.

Até o próximo…

Anderson Bars é um eterno aprendiz, que acredita com todas as suas forças que com liderança e inovação se muda o mundo.

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