DESCUBRA POR QUE A SEGURANÇA PSICOLÓGICA NO TRABALHO É FUNDAMENTAL PARA RETER TALENTOS, AUMENTAR O ENGAJAMENTO E GERAR FELICIDADE NA ORGANIZAÇÃO!
Erro e punição vivem no inconsciente coletivo. Desde pequeno, o castigo é a consequência quando algo não sai conforme o esperado. E como funciona a segurança psicológica no trabalho? No universo corporativo, atitudes semelhantes podem ser a linha tênue entre uma ideia inovadora ou um retumbante fracasso.
A segurança psicológica no trabalho
É por isso que a segurança psicológica ganha cada vez mais espaço na cultura organizacional. Garantir um ambiente saudável para os colaboradores, abrindo espaço para que se sintam seguros e engajados, é o passaporte para empresas que buscam atingir grandes resultados, alta produtividade e até mesmo a felicidade de seus funcionários.
Quem está de olho na competitividade e quer sair na frente da concorrência aposta nesse pilar, afirma a psicóloga e gerente de gestão de pessoas da Crowe, oitava maior rede mundial nas áreas de auditoria e consultoria, Rosana Daniele Marques. “O ambiente que propicia segurança psicológica é aquele no qual as pessoas se sentem à vontade para serem elas mesmas. Onde possam se expressar, questionar, falar sobre problemas ou trazer soluções novas sem medo”.
A mestre em administração, psicóloga e especialista em Gestão Emocional de Pessoas e Empresas da DPeople, Rita Zaher, explica que as empresas que investem em segurança psicológica permitem uma liberdade para agir, melhorando relacionamentos e impactando até mesmo em processos que envolvem criatividade e aprendizagem.
A importância da segurança psicológica no trabalho
Com isso, há uma melhora no clima organizacional, na saúde mental e engajamento das pessoas envolvidas no ambiente das corporações, porque quando o funcionário passa a sentir-se mais seguro, tem sua autoestima e a confiança na equipe de trabalho elevadas.
Segundo ela, para promover um ambiente de segurança psicológica no qual todos possam participar sem receio de julgamentos ou até de punições, o departamento de gestão de pessoas ou RH deve preparar muito bem seus gestores, uma vez que eles são o alicerce das equipes. “Para que forneça feedbacks adequados, tenham escuta ativa, aprendam a desenvolver seus funcionários para a aprendizagem em qualquer circunstância – até com o erro -, valorizem a todos de seu time e os auxiliem na descoberta de seus talentos”, acrescenta Rita.
A psicóloga clínica e hospitalar do Hospital Casa de Saúde Guarujá (HCSG), Marli Cunha, destaca que essa abertura de diálogo e o ensinar a lidar com críticas pode ser algo simples nas empresas. “Ouvir o funcionário já é um início. Chegou o momento de, mesmo o pequeno ou o médio empresário, pensar em focar na segurança psicológica como um alicerce para seus colaboradores. Isso traz um ganho para a saúde e bem-estar dos funcionários”.
Chefes tóxicos e a segurança no ambiente de trabalho
Chefes tóxicos colocam em risco qualquer política de segurança psicológica na empresa, destaca Rosana. “Eles acabam constrangendo e intimidando os funcionários, rejeitando ideias novas, e criando um ambiente de medo. Isso tudo faz com que a segurança psicológica despenque. Líderes tóxicos são pessoas que a gente tem que tomar muito cuidado”.
Outro problema em organizações nas quais os colaboradores não se sentem seguros está relacionado ao índice de afastamentos e até à síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional, ressalta a psicóloga e gerente de gestão de pessoas da Crowe.
“As empresas que investem em práticas que propiciam segurança psicológica para seus funcionários, além de resultados positivos, também conseguem reduzir o turnover. Com menos rotatividade, é possível reter talentos, já que as pessoas ficam mais felizes”.
Por que promover segurança psicológica na sua empresa?
- O clima fica mais harmonioso e seguro no ambiente corporativo. Os colaboradores não têm medo de se expressar e apresentar ideias.
- As pessoas tornam-se mais engajadas e assim mais produtivas, colocando-se por inteiro nas situações.
- A comunicação também flui melhor, pois não há receio de expor dúvidas e os feedbacks são mais claros.
- Há espaço para trocas e interações no dia a dia, fomentando um ambiente de trabalho saudável e colaborativo.
- Erros são considerados parte do aprendizado e não utilizados como mecanismo de pressão ou punição.
- Tudo isso abre portas para a criatividade, proporcionando novas visões e caminhos, uma vez que se estabelece a aprendizagem contínua.
- É um pilar importante para empresas que buscam ser competitivas e soluções inovadoras, reduzindo índices de afastamentos e turnover.
Quem investe em segurança psicológica possui projetos educativos que permitem a crítica, aceita sugestões e ideias diferentes, valorizando cada uma.
São projetos que trabalham também o respeito ao próximo e aceitação de ideias como ser único.
GANHA-GANHA
Os benefícios de promover a segurança psicológica no ambiente de trabalho
“Garantir um ambiente de segurança psicológica é certamente uma relação ganha-ganha para a empresa e o funcionário. Como líder, penso que dispor-se a ficar vulnerável diante de uma equipe é uma atitude de coragem que pode de forma muito natural contribuir para a segurança psicológica de todos. Ao mesmo tempo, uma vez que a equipe sinta-se em tal ambiente aberto e colaborativo, os resultados das iniciativas de cada um tendem a ser mais eficientes, gerando os devidos retornos à empresa, além da satisfação individual de cada colaborador.”
Maurício Maurano – Conselho de Administração
Segurança psicológica na prática
Leia o que tem a dizer o CEO Eduardo Costa e a segurança psicológica na Loungerie:
“Eu vou pelo caminho do belo ditado que há males que vêm para o bem. Eu acho que a pandemia trouxe uma nova perspectiva sobre os reais objetivos da segurança psicológica. Ela nunca foi tão importante, não só para capturar o alto desempenho, que sempre foi o grande objetivo, mas para aumentar a confiança e o engajamento nesse momento de crise para boa parte das empresas que estão com problemas, como é nosso caso do varejo de moda.
Antes, a segurança psicológica era até vista com certa desconfiança por executivos. Era até vista como mais uma atividade – custo. Hoje é uma competência interna de caráter estratégico, visando não só o clima organizacional, mas o mais importante, a retenção do capital humano, mitigando a fuga de talentos, que acontece, às vezes, por pura desconfiança do que está acontecendo. Eu diria que isso em todos os níveis, seja no piso de fábrica, na operação de uma loja ou no comitê executivo.
Então o que se escuta sobre boatos de “essa empresa vai fechar”, o que ocorreu muito neste último ano em meio em função da pandemia, isso gera uma insegurança interna – e às vezes é só boato – ou, às vezes, aquela insegurança de ‘será que estão fazendo a coisa certa na liderança dessa empresa para sair dessa crise’.
Eu diria que iniciativas como promover abertura para que exista um ambiente saudável e respeitoso entre os colaboradores ou mesmo gerar maior proximidade entre os líderes e as equipes, dando total transparência sobre o que está acontecendo na empresa, ou mesmo buscando ambientes e momentos que permitam trocas de opiniões, sem que haja medo de punição em caso de erro, eu acho que tudo isso se tornou mais do que fundamental no momento em que a gente vive.”
Sala de Guerra
“Aqui na Loungerie, nós incentivamos pequenas iniciativas para enfrentar estes momentos. A primeira delas foi o famoso estabelecimento de uma “sala de guerra”, para as reuniões do comitê executivo, que se reunia diariamente, debatendo de forma muito aberta e colaborativa todas as frentes que deveriam ser atacadas, desde gestão do caixa, negociação de fornecedores, gestão de pessoas.
Discutia-se tudo, independentemente de áreas ou responsabilidades silos, todas as ideias eram discutidas, as decisões foram tomadas em conjunto. E isso gerou confiança sobre os caminhos escolhidos para sair da crise. Era todo o comitê executivo, isso gerou confiança nos líderes e depois essa confiança dos líderes foi conduzida para os demais colaboradores, através da geração de momentos mais próximos entre os líderes e as equipes, mesmo neste momento de trabalho à distância.
Eu gravei vídeos do meu celular para todos os colaboradores e até mesmo franqueados, dando total transparência sobre as decisões que estavam sendo tomadas, reportando os caminhos que a gente estava percorrendo para encontrar as soluções e reportando os resultados deste plano.
É difícil avaliar no papel estes resultados, mas eu não tenho dúvida de que esses exercícios geraram muito mais tranquilidade e confiança para todos trabalharem de forma mais produtiva e saudável do que algumas outras iniciativas mais técnicas e não muito orientadas a gerar essa confiança. Eu já trabalhei em ambientes tóxicos em alguns deles ainda com uma cultura conflitiva, fechada, gerada até de forma proposital, sabe aquele modelo de trabalho dos anos 80, que era ‘vamos gerar aqui uma concorrência entre os executivos’.
Mudar o mindset
O colapso destas culturas é sempre questão de tempo. Hoje o mundo pede relações maduras, mais profissionais, mais respeitosas e mais colaborativas. Acho que o momento de crise ajudou algumas empresas a acordar para isso, mas em qualquer momento da empresa.
Não é mais uma questão de estratégia, é um mindset, que está relacionado a promover uma harmonia entre o que a pessoa vive no trabalho com o que ela vive fora do trabalho, no dia a dia. Acho que é isso que a segurança psicológica organizacional promove, uma simbiose entre esses dois mundos que, queira ou não existe, que é o profissional e o pessoal, por mais que a gente fique muito mais tempo no profissional do que na hora de descanso e de lazer com a família.
O que a gente quer é ter o mesmo nível de confiança em ambos os momentos, no profissional e no pessoal. E eu acho que a promoção dessa harmonia é o principal ponto da segurança psicológica que para mim é um modelo mental e não uma estratégia.”
Em nosso, ouça temas relacionados à segurança psicológica no trabalho: